domingo, 26 de outubro de 2008

Ainda Lembro...


Tocar assim a intimidade de um corpo é penetrar em si a intimidade de um outro, porém não há lugar nem futuro para o que tenho, sem morada em seus anseios, longe de ti tenho-me perto, porém distante do que já não tenho. Trago mãos vazias sem o afago do seu rosto, já não sinto gosto, não sinto frio, mas lembro do teu cheiro saudoso. É tarde, já não te tenho e nem me possuo. Me perdi pra ti nas horas vagas da saudade silenciosa que me devora. Torno-me cego, já não te enxergo em minha trajetória, mas relembro do teu sexo que me prende e me liga ao teu sentido, no calor do teu corpo onde já não percorrem mais minhas mãos, de outrora outros porém deliniam curvas que já não sinto, já nem tenho a dimensão desse vazio. Vou embora para fora dos sentidos, maldita lembrança que me devora e compara o que hoje tenho, aliás nem tenho, só momentos. Talvez só sexo me consola e quando acaba vai embora e percebo que nada tenho, é então que de ti ainda lembro.

sábado, 25 de outubro de 2008

Lembranças...


Ainda lembro do que passou, estrada a fora a caminhar em busca de palavras oriundas de lábios que nunca toquei. Qual o som da voz que ainda não escutei, se não é dela então não sei de quem...a estrada que me leva por entre janela de paisagens que ganham forma a cada curva, cada placa a sinalizar a distância e o lugar, ainda lembro o que passou...

Atrás do tempo...


Quero ter de volta o tempo que me escorre pelas mãos, feito areia ao vento, feito espaços no tempo. Ter de volta o que não observei com olhos atentos, pronunciar palavras que deixei no ar a vagar como letras ao vento. Fecho os olhos e vou a qualquer direção atrás do tempo que escorre pelas minhas mãos, trazer-me de volta ao tempo, nem passado ou futuro então...

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

De caso com o dia...


Não me julgue pelos meus vícios, nem tente entender o que há de errado, traí a noite com o dia. Por um longo tempo sempre estive ao teu lado, experimentando seus prazeres noturnos e agrados me embriagando na sua luz artificial e turva trazendo efeitos ébrios em minhas vistas. Os movimentos me serviam de amparos e traziam alegria, mas quando chegava o seu final só me restava o dia, pra curar meus fracassos, bebedeiras e tudo que fazia ao teu lado, era o único que fazia companhia já que você sempre após me dar prazer se ia com sua luminosa fantasia e as vezes meio sombria. Até que um tempo andei cansado, já não te procurava nem mesmo sei se já te queria, foi quando percebi que já estava envolvido pelo dia, com sua luz natural, tornando tudo claro, me aquecendo com suas caricias de calor vinda dos teus raios, sendo impossível não sentir alegria, então eu assumo...traí a noite com o dia.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

O quarto...


Fora o tempo que não ver o relógio a marcar o chegar, não vou mudar o que não tenho nas mãos. Trago sorte só pra você questionar o que é azar então, ficar parado sem tocar os pés no chão a caminhar. Se é sonho ou ilusão, vertigem ou efeito alucinação e quem irá pintar os cabelos de vermelho, não faça isso e vem. Trago novas recordações que você ainda irá tocar quando então sentir seus pés no chão e ver transformar o que era sonho, vertigem, efeito alucinação no mais real que já criei para você fazer parte então, desse mundo que nos reporta a uma porta fechada de um quarto vazio e cheio. E quando entrar trazendo cores em movimentos por onde passarem seus olhos e mãos não me espere chegar ou espere dormindo. Há um lugar comum por trás da porta em que a noite quer adentrar no silêncio do teu sono e acordar teu sonho, te fazer voar por todos os cantos até despertar e então te abraçar dizer bom dia! Deixa o sol entrar pela fresta da janela anunciando o dia que o sonho deixará de ser para se tornar real. Trazendo cheiro de quem vem para ficar, em um lugar onde possa te ver dormir e acordar... onde tudo realmente estar acontecendo.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

A Flor...


Quero olhar o instante que você chegar, pronunciar as primeiras palavras por frases formuladas no olhar de quem traz um sorriso incontido em cada canto. Gosto quando me vens aos olhos, por um sentido derradeiro qualquer, buscar em flor o significado de um jardim e notar você ali, diante de tantas outras e prender a ti o olhar que só enxerga você. E de que os demais perfumes se tornarão inodoros diante do cheiro das mãos de quem a colheu e a quem irá ofertar. Que seja então sólido os pensamentos a ponto de sentir e tocar, que ao fechar os olho desapareçam tudo em volta e ao abrir só esteja você. Como a flor diferente que surgiu no jardim onde todas são iguais...menos você. Que sua cor se ressaia em um tom que me faça perceber em meio multidões, que ali está você... a flor.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Qualquer outro lugar...


O vão que me prende entre o correr pro sol, não tem luz por dentro, nem poeira, nem vestígios de quem já esteve aqui. É tão comum acordar e ser o mesmo que ficou na noite que sonhou ser diferente, entre os caminhos que interessam, aonde pode se levar. O vão que me prende entre o correr pro mar é o mesmo que me leva a molhar os pés com o toque das ondas e faz pensar em tudo que chegou e se foi como as ondas perfeitas, são constantes mas não são as mesmas, mas elas tocam os meus pés, como duas mãos no rosto. É tão difícil virar as costas pro mar e ir embora, trocar a areia pelo asfalto e de descalço ter que calçar novamente os pés. O vão que prende entre eu e você que não tem nome, ainda meio surreal. Existe um alguém que está pensando o mesmo de um outro lado qualquer e o que a vida arquiteta e alimenta entre o imaginável do que se pode e não se pode ser... o que nos prende a alguém? Quero ultrapassar o vão que me prende ao principio da razão. Não há o que me prenda, quero novas mentiras... qualquer outro lugar.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Auto e móvel...


Vamos abrir essa porta pra fora, não ficar esperando o dia passar feito flores que crescem no jardim da imaginação, dos lugares que já passamos e ficamos nas lembranças retidas. É ter sempre mala pronta para viagem, é não ter medo de cores, hoje tá nublado, amanhã fará sol, eu sei mesmo que chova! Não quero estar aqui esperando enquanto não chega, para que ficar parado no mesmo lugar, se o caminho é longo e isso é bom. É meia noite acordado, fazendo planos de fazer as coisas sem planejar. Articulado no tempo de quem me leva, nas lembranças que se desfazem no ar, quando respira ela, prometendo não ser propriedade do que não se move. Pertenço aos carros que se movem e não as casas fixas nos mesmos lugares...